O
espaço rural e urbano engloba dois universos no espaço geográfico se
inter-relacionando na divisão territorial e do trabalho. O espaço urbano é o
espaço de alta densidade populacional, seja, povoado ou populoso. O espaço
rural é a representação das atividades primarias e produção de matérias-primas
em áreas pouco povoadas ou populosas.
Uma das principais diferenças entre
urbano e rural está, assim, nas praticas socioeconômicas. O espaço rural, como
já dissemos, engloba predominantemente atividades vinculadas ao setor primário
[...] o espaço urbano costuma reunir atividades vinculadas ao setor secundário
[...] e terciário [...]. (www.brasilescola.uol.com.br. Acessado em 02/06/16).
No
plano cartográfico o espaço rural é maior, possui as áreas cultivadas e
transformadas. O espaço urbano é menor, disputado e especulado, possui maior
potencial e dinâmica da economia, tanto nos espaços urbanos desenvolvidos
quanto nos espaços urbanos em desenvolvimento. Chama-se urbanização o processo
no qual a população urbana passa a crescer de maneira mais acelerada que a
população rural. Ocorre à transferência em grande escala da população do campo
para as cidades, assim, ocorrem às migrações rural-urbanas, ou, como são conhecida
nos países em desenvolvimento, êxodo rural.
“O
processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no êxodo rural, associado
a dois condicionantes que se interligam: a repulsão da força de trabalho do
campo e a atração dessa força de trabalho para as cidades.” (Conexões: estudos
de geografia geral e do Brasil. P. 113.). O processo de urbanização de um país
ou de uma região não consiste somente no crescimento das cidades, mas também à
medida que a porcentagem de sua população urbana aumenta em relação a sua
população total. Até a década de 1990 a maior parte da população mundial ainda
vivia no campo. Na década de 2010 essa proporção se inverteu, assim, a maioria
da população mundial passou a viver nas cidades urbanas.
[...] os migrantes dirigem-se há décadas
em busca de empregos e salários na construção civil, no comercio ou nos
serviços. O mercado urbano diversificado permite o aparecimento do trabalho
informal, sem vinculo empregatício. [...] as cidades dispõem de serviços
públicos de assistência social e hospitalar [...]. (Conexões: estudos de
geografia geral e do Brasil. P. 113).
Partindo
de aspectos históricos os países mais urbanizados são aqueles que se encontram
nas regiões mais desenvolvidas e industrializadas. O processo de urbanização
nesses países ocorre há mais tempo que nos países em desenvolvimento, desde o
século XVIII. À medida que esses países se industrializaram as cidades ganharam
novos postos de trabalho na indústria, comercio e serviços. A revolução
industrial fomentou e estimulou a revolução agrícola, com a modernização das
técnicas e ferramentas no campo ocorreu o êxodo rural.
Ainda
no século XIX as grandes cidades industriais europeias tinham como
características péssimos bairros e baixa infraestrutura como: condições
insalubres, doenças e epidemias, a falta de saneamento básico, falta de água
encanada e seus esgotos a céu aberto e a falta de coleta de lixo. As precárias
condições de vida nesses centros urbanos levaram as populações a exigirem
melhorias nas cidades como: melhores salários, áreas de lazer, água tratada, rede
de esgotos, educação, saúde e segurança.
Com
o tempo surgiu à descentralização urbana, ou seja, o crescimento das cidades
vizinhas surge assim à rede urbana com indústria, comercio e serviços
diversificados. “O espaço geográfico abrange as redes formadas por complexos
sistemas de fluxos de pessoas, bens, serviços, capitais, tecnologia e
informações que caracterizam a sociedade contemporânea. (Conexões: estudos de
geografia geral e do Brasil. P. 114)”.
A
ligação entre o espaço rural e urbano resultou ao longo da história a
transferência das populações do meio rural para o meio urbano. O crescimento
dos centros urbanos está principalmente ligado aos locais onde a indústria
alcançou um nível sofisticado de desenvolvimento. O desenvolvimento industrial
promoveu gigantescas aglomerações urbanas hoje denominadas metrópoles. O
crescimento exagerado do numero de metrópoles e seus espaços físicos provocaram
inúmeros problemas para as suas sociedades ou populações, esse fenômeno gerou
especulação imobiliária devido à escassez de espaço nas cidades, alta carga
tributaria, transporte publico incapaz de atender as necessidades de suas
populações, pouca ou insuficiente infraestrutura, congestionamentos, alto custo
de mão de obra assalariada, sindicatos organizados e numerosos, poluição
atmosférica e hídrica.
No ano de 2011,
segundo dados da Organização das Nações Unidas a população mundial ultrapassou
a marca de sete bilhões de habitantes. (UNITED Nations Population Division. World Population
Prospects 2010. Disponível em: http://esa.un.org/upp. Acesso em: 07/03/2013).
Tais
fatores acarretaram no distanciamento e até a transferência das grandes indústrias
das metrópoles nas ultimas décadas. Essa mudança provocou a reorganização
espacial das indústrias caracterizando a desconcentração física dos parques
industriais nos grandes centros urbanos. Essas indústrias deslocadas para as
áreas periféricas como as cidades médias conseguiram deslocar o capital e as
ofertas de postos de trabalho.
Fatores
como incentivos fiscais e sindicatos menos organizados e numerosos motivaram
essa desconcentração da atividade industrial. Os governos estaduais e
municipais se utilizam de vantagens a essas indústrias como redução ou isenção
tributaria, doação de terrenos, oferta de infraestrutura básica como asfalto,
rodovias, ferrovias, potencial energético satisfatório, saneamento básico e
menores salários.
No Brasil [...] a indústria ainda está
bem concentrada no sudeste do país e no estado de São Paulo. Essa região
responde por cerca de 79% do volume total de industrias do país e 62% do volume
de produção, além de ocupar 53% do total de pessoas da industria e responder
por 68% das exportações e 69% das importações do país. (Conexões: estudos de
geografia geral e do Brasil.P. 134).
No
campo a modernização das técnicas agrárias reduziu a mão de obra rural
provocando mudanças na relação de trabalho. Com o advento da revolução
agrícola, técnicas e máquinas, os trabalhadores rurais agora obsoletos
precisaram abandonar o espaço rural migrando para as grandes cidades.
O avanço do trabalho assalariado no
campo decorreu do próprio processo de expansão das relações de produção
capitalista no meio rural. (Novo Olhar. P. 209).
As relações capitalistas de produção são
relações baseadas no processo de separação dos trabalhadores dos meios de
produção [a terra, no caso do espaço rural], ou seja, os trabalhadores devem
aparecer no mercado como trabalhadores livres de toda a propriedade, exceto de
sua força de trabalho. (Modo de produção capitalista, agricultura e reforma
agrária. P. 39.).
A
reforma agrária é um caminho para o equilíbrio social no campo. Desde o
Estatuto da Terra (1964 – 1985) no regime militar a reforma agrária no Brasil
vem sendo adiada e sabotada gerando uma lógica sensação procrastinatória. Mesmo
aprovada pela Constituição Federal em 1988 a reforma agrária caminha a lentos
passos.
A
reforma agrária visa o ideário de que a terra deve possuir uma função social,
devendo ser utilizada para a produção de alimentos, matéria-prima e gerar renda
e emprego aos trabalhadores rurais.
A
grande dificuldade em promover a reforma agrária está na oposição da bancada
ruralista no congresso brasileiro. Essa bancada é formada por deputados e
senadores que defendem os interesses dos grandes latifundiários. Mesmo que
existam leis que regulamentam a desapropriação de terras os grandes
latifundiários e ruralistas travestidos de legisladores e senadores impedem
essas desapropriações através de ações judiciais que podem se arrastar por até
uma década.
Essa situação tem
contribuindo para a manutenção das tensões e conflitos sociais no campo
brasileiro. Movimentos sociais engajados na reforma agrária lutam por uma
distribuição justa de terras visando diminuir as tensões e desigualdades no
campo brasileiro, aumentando o número de pequenas e médias propriedades, gerando
emprego e fixando o maior número possível de trabalhadores no campo. Sem uma
reforma agrária séria e efetiva a realidade do campo brasileiro continuará marcada
pela existência de uma das estruturas fundiárias mais concentradas e injustas
do mundo gerando o empobrecimento dos camponeses, aumentando o número de
famílias sem terras e o aumento gradativo de terras invadidas no espaço rural
brasileiro.